Uma Mulher É Uma Mulher- Crítica.

03/11/2020

Direção: Jean-Luc Godard.

Produção: Carlo Ponti, Georges de Beauregard.

Roteiro: Jean-Luc Godard. 

Elenco: Jean-Claude Brialy, Anna Karina, Jean-Paul Belmondo.

Música: Michel Legrand. 

Fotografia: Raoul Coutard.

Edição: Agnès Guillemot, Lila Herman. 

Lançamento: 6 de setembro de 1961. 

Idioma: francês.



   Uma mulher é uma mulher conta a história da linda e problemática Angela (Anna Karina), uma Stripper que ao chegar no seu período fértil, resolve ter um filho com seu namorado Émile (Jean-Claude Brialy). Porém como ele não quer ter um filho, Émile sugere para seu melhor amigo Alfred (Jean-Paul Belmondo) a engravidar, porém, os sentimentos de Angela se tornam contraditórios quando ela aceita a proposta.

  Nesse filme, assim como em Acossado, Godard faz um pastiche de um dos géneros normalmente associado ao Cinema Americano: Os musicais. E em nem um momento o filme nega isso, pelo contrário, ele assume e se diverte brincando com o género. Se divertindo com  as convenções narrativas comuns nas comedias/ musicais. Até o título do filme poderia facilmente ser  de um filme genérico do Billy Wilder.

  Uma das cenas mais lembradas do filme é justamente aquela que mais deixa explicito a inspiração nas comedias/musicais americanas. Onde Anna Karina, usando um figurino azul enquanto toca uma música orquestrada, deixa bem claro que quer fazer uma comedia musical com o ator Gene Kelly.

Anna Karina em uma das cenas onde a brincadeira com os musicais fica mais evidente.

    Mas, obviamente, nada disso teria efeito pratico sem a ótima direção do lendário diretor Jean-Luc Godard. Pois nas mãos de outro diretor, o filme em vez de ser uma brincadeira com os musicais americanos, poderia ser filmado como uma copia francesa dos musicais americanos.  Mas com a direção de Godard, isso está longe de acontecer. 

   Ele usa a linguagem para mostrar o quão ridícula é a situação em que os personagens estão metidos. Basta ver como ele filma as varias brigas do casal principal, quase como se fosse uma briga de duas crianças de 7 anos. Uma cena que ilustra muito bem o quão ridícula é a dinâmica do casal é a cena na escada. Onde a montagem alterna entre beijos apaixonados e xingamentos enfurecidos.

  

 Angela e Émile discutindo na escada.

  Na verdade, o próprio relacionamento dos dois também pode ser considerado um pastiche de casais de filmes como Cantando na Chuva ou até mesmo musicais recentes como LalaLand. Já que se analisarmos a fundo, veremos que a interação dos casais desses filmes são, no mínimo, infantis. 

  Também vale destacar a incrível interpretação de Anna Karina como Angela. Por mais que todos os atores estejam bem, nem um chega nem perto do poço de carisma que a Anna conseguiu desenvolver. Não é atoa que ela foi premiada por essa atuação espetacular. 

  Assim, brincando com um género, o filme vira  uma peça única na historia do cinema. Que ao fazer um pastiche das comedias musicais, acabou ironicamente se distanciando das suas inspirações cada vez mais. Para assim, poder se tornar algo completamente diferente: um filme do Godard. 

Crítica por: Victor Castro.

Crie seu site grátis! Este site foi criado com Webnode. Crie um grátis para você também! Comece agora